O PENSAR E O MUNDO QUE
NOS CERCA
O desafio de um novo começo
Lisandro Vargas Dias*
O homem em sua formação moral reverte –se
em um ser de ação, pois, o seu agir é um continuo processo de construção,
destruição e reconstrução de suas edificações formadoras da vida, seja ela
moral ou da vida de carne e osso que nos cobra em um primeiro momento.
Quando o pensar e o agir não estão
conectados, estabelece-se um desequilibro que apuramos chamar no ramo da
filosofia de “desvio moral”, porem, nós filósofos, esquecemos que a natureza
humana em seu principio básico não é e nem nunca poderia ser equilibrada,
esquecemos também, que tanto nossa formação genética, como a nossa formação
moral é fruto de um continuo e doloroso processo antagônico, uma espécie de dialética
que somente alcança sua síntese depois de um árduo combate com as diversidades
das ações.
Consentindo com essa ideia, temos então que repensar o processo de formação humana. Temos que
entender o mundo que nos cerca, não como o resultado do real, finitude das
realizações, pelo contrario, temos que entender como o espaço das transições,
aquilo que o filósofo alemão Immanuel Kant ( 1724 – 1804), chamou de ética das
medianizes e somente, assim, talvez poderemos propor novos patamares para a
formação moral do indivíduo.
A
sociologia tão perspicaz em identificar os problemas do homem no seu agir,
simplesmente ignora a conexão desse mesmo agir com o pensar, tornando-se, insuficiente
no desafio de educar para o Outro (outridade). No entanto, o inegável é que toda
a nossa base provem dos conceitos sociológicos imediatos, os mesmos que não
levaram em conta as questões psicológicas do Ser e muito menos as filosóficas
desse mesmo Ser.
Sendo
assim, procuramos tratar de forma universalista problemas particulares, o que
nos leva a pensar que as bases da formação desse nosso mundo que nos cerca,
estão equivocadas. O “educar moral”, se assim posso chamar o processo de
formação moral, deve partir não do principio do “bom senso”, mas do “mau
senso”, entendendo o bom como equilíbrio e o mau como desequilibro. Ou seja, o
processo de formação moral é desequilibrado e deve ser assim.
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* Mestre em
filosofia, professor do Estado de Santa Catarina e do Colégio São José de
Itajaí